Universalismo
religioso
O Lar de Jesus da Caridade
é uma instituição universalista, ou seja, entende a religião como a mais
singela religação do homem-criatura com o seu Deus-Criador, independentemente
de delimitações doutrinárias, dogmas e sectarismos contrários ao verdadeiro
sentido de irmandade que deve imperar entre os seres humanos.
Sincretizamos, ou seja,
agregamos de forma harmoniosa e produtiva em nossas atividades religiosas
elementos do Espiritismo, da Umbanda e do Catolicismo, ao passo em que temos a
codificação de Kardec como base para a formação dos médiuns e pregação dos
Evangelhos de Jesus, os rituais magísticos e os pontos de força dos Orixás como
ferramentas de cura e de desobsessões, bem como a devoção católica popular com
seus santos e preces tradicionais - todas funcionando em perfeita sintonia com
os princípios cristãos de amor e fraternidade.
Não nos interessa fazer
proselitismo, ou seja, conquistar levas de fiéis, até porque respeitamos
profundamente o sentimento religioso de cada pessoa que busca auxílio em nossa
casa, a qual objetiva, tão somente, a transformação moral, a cura e o (re)equilíbrio
do irmão enfermo da alma ou do corpo físico que nos procura.
Alguns podem se achar
perplexos diante do caráter universalista que defendemos e apontar contradições
doutrinárias irremediáveis e exotismos em nossos cultos, principalmente quando
não conhecem a natureza dos trabalhos caritativos espirituais e materiais desenvolvidos
pelo Lar de Jesus.
Logicamente que existem
diferenças exteriores expressivas na forma das manifestações mediúnicas e dos
trabalhos espirituais desenvolvidos no Lar de Jesus da Caridade com relação aos
centros espíritas tradicionais, já que adotamos o uso de
imagens, altares, velas, símbolos, cânticos e práticas típicos da Umbanda –
muitas delas, inclusive, similares ao catolicismo - que têm, efetivamente, sua
finalidade litúrgica no plano astral, mas que são rebatidas pelos mais tradicionalistas
em nome de uma intangível pureza doutrinária.
Em essência, ou
melhor, em “espírito e verdade” - como dizia nosso Cristo de Deus -, nos foram legadas,
através dos evangelhos, as leis do amor e da caridade, não se estabelecendo
qualquer espécie de rito específico, até porque estes se modificam
profundamente ao longo das eras, variando de região para região do orbe
terrestre, de acordo com suas finalidades e dentre os mais diversos contextos,
seja de ordem social, cultural, histórica, política etc., o que torna
impossível aferir a validade de dada concepção religiosa e sua ritualística, a não
ser pelo filtro da genuína aceitação das diferenças, reconhecendo e respeitando
as necessidades evolutivas individuais.
Assim, temos que, da mesma
forma que o mundo material evolui, ampliando suas tecnologias e aproximando as
pessoas na Terra, de igual modo, expande-se também a maturidade humana no campo
moral e espiritual, estreitando-se os laços entre encarnados e desencarnados, para
o bem e para o mal (infelizmente), nos revelando que o que realmente importa
para o crescimento e para a própria felicidade humana, é o bem viver, amando - inclusive
a si mesmo -, amparando, perdoando, consolando, orando.
No fundo, ouso dizer que religião
não passa de uma organização didática de crenças e práticas que visam facilitar
essa religação, essa reaproximação do homem com Deus, não havendo uma única religião
correta enquanto todas as demais são equivocadas, mas sim, aquela que nos faz
sentirmos mais felizes, que nos move, nos impulsiona e nos motiva a sermos
pessoas melhores, mais próximas do Criador.
Conhece-se a árvore pelo
fruto que ela dá. Portanto, não importa que seja o “Espírito Santo” ou sejam os
“espíritos santos” de caboclos, médicos, pretos velhos, anjos, padres e freiras
católicos que venham nos iluminar, inspirar, curar e ensinar, seja pela prece ou
pelo intercâmbio mediúnico, mas que sejam genuinamente de Deus, nos indicando o
caminho do bem, do amor e da caridade.
Paz e bem!
Felipe Aragão Jr.
(Presidente do Centro Espírita Universalista Lar de Jesus da Caridade)

